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Dia das Avós, por Poderes do Feminino

Dia das Avós, por Poderes do Feminino

Hoje, dia 28 de julho, Dia de Sant’Ana, a avó de Jesus, e de Nanã Buruquê, a Senhora Anciã Africana, e também dia das avós.

Um agradecimento a toda nossa ancestralidade.
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“A minha avó dizia-me que quando uma mulher se sentisse triste, o melhor que podia fazer era entrançar o seu cabelo, de modo que a dor ficasse presa no cabelo e não pudesse atingir o resto do corpo.

Havia que ter cuidado para que a tristeza não entrasse nos olhos, porque iria fazer com que chorassem, também não era bom deixar entrar a tristeza nos nossos lábios porque iria forçá-los a dizer coisas que não eram verdadeiras, que também não se metesse nas mãos porque se pode deixar tostar demais o café ou queimar a massa. Porque a tristeza gosta do sabor amargo.

‘Quando te sentires triste, menina, entrança o cabelo, prende a dor na madeixa e deixa escapar o cabelo solto quando o vento do norte sopre com força. O nosso cabelo é uma rede capaz de apanhar tudo, é forte como as raízes do cipreste e suave como a espuma do atole.

Ainda que tenhas o coração despedaçado ou os ossos frios com alguma ausência, saiba que a tristeza cai como cascata, mas também precisa ir embora.
Não deixes que a tristeza entre. Trança sempre a tua tristeza.

E na manhã, ao acordar com o canto do pássaro, ele encontrará a tristeza pálida e desvanecida entre o trançar dos teus cabelos.’ “.

Texto: Rui Sá

Foto 1 (indígena anciã) – não encontrei a autoria da foto. Nela está dona Ercina Xacriabá, a mais velha anciã da aldeia Xacriabá, em MG, com 113 anos.
Foto 2 (tríade de mulheres negras) – de Oubí Inaê Kibuko, fotógrafo e editor do Blog Cabeças Falantes.